segunda-feira, 30 de julho de 2012

Algumas observações sobre a abertura das Olimpíadas


Por Waldyr Kopezky
Nassif e caros, assisti (tardiamente) à abertura da Olimpíada, e falou-se muito dela (e das equipes olímpicas) superficialmente. Faço três observações, logo abaixo.
1. Sobre a abertura: foi a maior concentração de referências à Maçonaria que eu já vi numa cerimônia pública ("profana", como dizemos). A referência não é de todo inesperada, pois Inglaterra e Escócia são o "berço" do que se convencionou (equivocadamente) chamar de "Maçonaria Moderna". O inusitado foi a quantidade delas, demonstrando a vontade de ostentar (subliminarmente, claro) essa circunstância - até na coreografia isso estava evidenciado. Mas sobre isso e detalhes, eu me calo...
2. O colonialismo foi escondido: Se é para evidenciar contribuições históricas marcantes da Grã-Bretanha para a Civilização humana, então o colonialismo teria que estar presente como a disseminação do modelo europeu como referência de padrão civilizatório ao mundo (não exclusiva, já que França, Alemanha, Império Austro-Húngaro e Rússia foram de igual ou menor importância, tanto quanto Espanha e Portugal, estas menos ainda). POis isso não foi representado ou lembrado na cerimônia, talvez porque colonizar não seja mais "politicamente correto" - hoje o conceito é o padrão de "ajuda humanitária" à distância dos estadunidenses, que jogam primeiro as bombas e depois panfletam as vantagens (só deles, claro) do modelo da "democracia ocidental". Assunto muito delicado - então esqueceram...
3. A "estrutura" da equipe britânica de futebol: É tal a mediocridade da cobertura "especializada" que o Milton Leite e o Galvão Bueno (SporTV) liam notas e comentários de release da organização da festa sem editar (agregar valor ou conteúdo) - evidente e beirando o ridículo. Mas o que chamaria a atenção, jornalisticamente falando (e ninguém falou nada) seria o assunto da equipe da Grã-Bretanha de futebol, a primeira a ser reunida e criada exclusivamente para os atuais Jogos Olímpicos, já que ela nunca existiu antes nem terá sua continuidade - tanto Inglaterra, País de Gales e Escócia disputam eliminatórias e copas do mundo com equipes próprias. Não sei se a Irlanda do Norte também o faz (o Eire ou Irlanda do Sul faz, mas  não é bretã). Pois esta seleção britânica foi formada de uma maneira que serve de parâmetro dos conceitos de democracia e "contribuição histórica" à Civilização Ocidental que o Império Britânico ostenta - pegaram só jogadores da Inglaterra e puseram em campo com uma nova camisa. Nenhum escocês, nenhum galês ou norte-irlandês, nem mesmo pra fazer número no banco! Na cara dura - e ainda não tem vergonha de "arrotar" a Union Jack (bandeira oficial dessa comunidade de nações) como exemplo democrático que, em seu desenho, resulta da "soma" das bandeiras de cada um desses países. É a maior piada da Olimpíada - maior até do que o "humor" do Mr. Bean.

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